Neguinho da Beija-Flor deixa de ser o intérprete oficial da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis a partir do Carnaval de 2026
Marcos Serra Lima/ G1
♫ ANÁLISE
♪ Neguinho da Beija-Flor nasceu Luiz Antônio Feliciano Marcondes há 75 anos, precisamente em 29 de junho de 1949. Mas se tornou tão associado à escola de samba Beija-flor de Nilópolis que passou a carregar a agremiação carnavalesca fluminense oficialmente no nome. Neguinho é a voz da Beija-Flor. Uma voz que sempre irradia alegria e que conquista o folião no célebre grito “Olha a Beija-Flor ai gente!”.
É por isso que o mundo do samba, em especial o mundo do Carnaval do Rio de Janeiro, esteja manifestando tristeza com a decisão de Luiz Antônio Feliciano Neguinho da Beija-Flor Marcondes de se aposentar do ofício de puxador de samba.
Sim, após o Carnaval de 2025, o 50º e último de Neguinho na Beija-Flor como puxador do samba da escola na qual foi admitido na Ala dos Compositores em 1975, o cantor deixa o posto de intérprete oficial da agremiação, como anunciou com emoção na edição de ontem, 20 de novembro, do telejornal RJ 1, da TV Globo.
Ao anúncio na TV, seguiu-se carta de despedida postada nas redes sociais do artista. É fato que somente Neguinho sabe a hora de parar e essa decisão precisa ser respeitada. Da mesma forma também é preciso respeitar o luto dos foliões, inclusive de outras escolas.
Ao longo desses quase 50 anos de projeção nacional (Neguinho puxou o samba da Beija-Flor pela primeira vez no Carnaval de 1976, mas já vinha atuando no ofício desde 1970 no bloco Leão de Iguaçu), Neguinho da Beija-Flor virou personalidade em todo o Brasil e fez nome além do Carnaval.
Até porque, já em 1977, o cantor e compositor fluminense iniciou carreira fonográfica que alcançou pico de popularidade em 1985 com a edição do álbum justamente intitulado Ofício de puxador, cujo repertório trouxe a música que se tornaria o maior sucesso de Neguinho como cantor, Ângela, samba de Serginho Meriti e Carlos Alexandre também conhecido com Negra Ângela.
Como compositor, Neguinho da Beija-Flor merece ser louvado por ter criado para a Beija-Flor, sozinho ou em parceria, sambas-enredos antológicos como Sonhar com rei dá leão (Neguinho da Beija-flor – Carnaval de 1976) e A criação do mundo na tradição nagô (Neguinho da Beija-flor, Gilson Dr. e Mazinho – Carnaval de 1978).
Enfim, Neguinho da Beija-flor – voz radiante da alegria – estará sempre para a Beija-Flor como Jamelão (1913 – 2008) esteve para a Mangueira.
Mesmo que não seja mais o intérprete oficial de Beija-Flor a partir do Carnaval de 2026, Neguinho jamais deixara de ser a voz da escola. Está no sangue! E até no nome do artista!
É por isso que, mesmo sendo a voz da alegria, Neguinho da Beija-Flor deixa o folião triste com o anúncio da aposentadoria do ofício que desempenhou com talento e voz singulares.
Fonte: G1 Entretenimento